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Foto do escritorCharles Roberto

Pioneiros do Surfe – 1960, o meio



Por Gabriel Pierin


A vitrola Philips do fusquinha estava tocando I Fell Fine dos Beatles. O toca-discos era uma das atrações inusitadas do Volkswagen invocado do Antenor. Às dez horas da noite daquela sexta-feira, Antenor, Dagoberto e Sérgio Heleno esperavam Paulo Miorim na porta do Colégio Canadá, em Santos. De lá pegariam a estrada para o Rio de Janeiro.


As viagens para a cidade maravilhosa se repetiam aos finais de semana. A antiga capital do país mantinha seu aspecto cosmopolita. Era a porta de entrada para as novidades do mundo inteiro. Naquele ano de 1964, a turma de santistas acompanhou a duplicação da Rodovia Dutra. No Rio se hospedavam na casa de parentes e amigos.


O sábado de primavera amanheceu ensolarado na capital carioca. Os rapazes foram dar um passeio pela praia de Ipanema até chegar ao Arpoador. Do alto de suas pedras, vislumbraram surfistas descendo as ondas de pé sobre suas pranchas. Ficaram impressionados.


Quando chegaram a Santos, contaram para os amigos sobre a nova mania dos cariocas. Um deles, Antônio Di Renzo Filho, recordou que tinha guardado uma revista Manchete que trazia uma reportagem sobre o surfe, uma prática dos nativos havaianos que deslizavam sobre as ondas. Lembraram do amigo Gregório Stipanich, fabricante de barcos de pesca. A família de Gregório tinha um estaleiro no Japuí, em São Vicente. Da ideia para a fabricação de uma prancha foi um pulo.


Com as referências que possuíam, Gregório fabricou a primeira prancha tipo “caixa de fósforo”. Ela foi apelidada de Ripple (Ondulação). Paulo Miorim ia diariamente ao estaleiro acompanhar o andamento da produção.


A prancha ficou pronta e as férias chegaram. A turma resolveu fazer do batismo uma experiência única. A estreia em grande estilo foi na Praia do Pernambuco, no Guarujá. O dia estava chuvoso, o mar mexido e a praia deserta. Eles chegaram em três carros: a Vemaguete do pai do Paulo Miorim, o DKW do Moacir Rebello dos Santos e o carro do Canarinho. Estavam ali reunidos toda a equipe de natação do Clube Internacional, entre outros. Uma prancha, quatorze rapazes.


Paulo Miorim tomou a iniciativa e colocou a prancha na água. Ela flutuou. Passou a arrebentação com dificuldade, pegou a primeira onda e com ela o primeiro capote. Ficar de pé por alguns segundos foi o maior dos desafios do dia.


A frustração não diminuiu o entusiasmo dos jovens. Os dias se seguiram e a diversão continuou na praia do Itararé. Naquele ano de 1965, outros grupos de rapazes praticando o surfe e construindo novos modelos de pranchas começaram a aparecer nas praias santistas. A juventude ia tomando gosto pelo esporte.



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